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Hoje não consigo parar de chorar
Não consigo que as lágrimas parem de me correr pela cara
Inchando os meus olhos, a minha pele e todo o meu ser…
Tenho uma dor dentro do peito
Uma dor que me magoa imensamente
Uma dor tão grande como se uma tenaz me apertasse uma perna
Ou um braço
Como se me rasgassem a pele sem pena
Como se me esburacassem o peito com uma faca afiada
Hoje não consigo parar de chorar
Como se não fosse mais possível sorrir
Como se tivesse desaprendido de ser feliz
Como se essa possibilidade me fosse vedada para todo o sempre
Hoje não consigo parar de chorar
Queria correr, correr sem parar
Sem destino, correr até já não conseguir sentir-me
Até estar tão cansada que não seja capaz de chorar
Só queria parar de chorar…
Só queria parar de chorar…
Só queria parar de chorar…
Só queria parar de pensar…
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Perguntei ao peixinho que nada no mar
E também a uma solitária margarida
Perguntei a uma gaivota que aqui vi passar
E perguntei ainda a uma libelinha no campo perdida
Depois perguntei ao grande carvalho
E também ao cacto do deserto
E a uma rosa coberta de orvalho
E também ao gato que estava mais perto
Perguntei a todos os seres vivos do mundo
Mas o mais que consegui ouvir
Foi um silencio pesado e profundo
Que não me fez desistir
Perguntei então a um grão de areia
E também à estrela mais brilhante
Perguntei à pedra mais dura e mais feia
E ao mais belo e puro diamante
Perguntei então ao imenso planeta Terra
A Vénus, Saturno, Marte e também ao sol ardente
E ao cosmos inteiro que tantos mistérios encerra
pedi por favor, respondam-me urgente
Mas até então ninguém me soube responder
Uma mentira por piedade ou apenas a verdade
Preciso mesmo de saber
Para acabar com a ansiedade
Preciso mesmo de saber
Porque me sinto tão só...
Nos meus olhos cansados pousaste os teus
Tremi
Não de frio nem de medo, mas de dor
Por saber que neles já não via nenhum amor
Chorei
Mas de coragem e arte o meu peito enchi
E os olhos sedentos para ti eu ergui
Doeu
Ver-te voltar as costas sem olhar para trás
Não sei como de ficar de pé fui capaz
Sofri
Mas não fui capaz de dali arredar pé
Embora no meu peito não houvesse mais fé
Fiquei
Mais morta que viva e muito dorida
De corpo fraco e cansado e alma perdida
Gritei
No silêncio perfeito do meu peito cansado
O grito ali ficou para sempre abafado
Sucumbi
E então, meu corpo tombou no chão finalmente
E o silêncio da morte chegou inclemente…
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