Um sorriso frágil
Como uma pena voando leve na brisa da tarde
Depois
Uma lágrima
Duas, três, quatro
Uma após outra
Em silêncio
Saudade
Vontade de te abraçar forte
Fecho os olhos
E é doloroso sentir a tua ausência
Os meus lábios tentam
O sorriso de novo
Mas é árdua tarefa e desistem
Não há porque fingir que não se sente
A saudade
A vontade imensa de um abraço
De um beijo
Lábios nos lábios, a pele ainda húmida…
Dos teus olhos
Azuis, profundos, ternos…
Da tua mão na minha, promissora…
A saudade
A lembrança do teu rosto
Olhando o céu…
Dói-me a tua ausência
Na pele, nos ossos, na alma
Em cada canto recôndito do meu ser
Sorrio de novo amanhã
Quando o novo dia chegar
E a luz do sol for capaz, se for capaz
De desvanecer
A dor da saudade.
manhã de 5 de Outubro de 2010
Passos, os meus passos
Um pássaro bem-disposto, madrugador
Um restolhar suave das folhas verdes molhadas pela chuva nocturna
Um ramo a partir debaixo do peso do meu corpo
Uma gota de orvalho que se desprende da folha caindo em voo picado até ao chão
O meu coração, batidas irregulares do esforço
O sol ainda fresco que penetra na ramagens intensas
O cheiro da terra molhada, seiva, erva fresca
A solidão que não é solidão
O silêncio que não é silêncio
Eu
A manhã imaculada
Um passo atrás do outro
Sorrisos
Pensamentos
Eu
A natureza que se mostra, se abre aos meus olhos antes cegos
Um passo atrás do outro
A respiração
Tenho um corpo
A natureza
Tenho um corpo dentro da natureza
Um passo atrás do outro
Abro um sorriso novo acabado de inventar
E penso, feliz, na suavidade das manhãs.