Imagem retirada da net
No meu corpo estás tu
Dentro de mim, fora de mim, em mim…
Para sempre…
Nos meus lábios o gosto adocicado
Dos teus lábios carinhosos… ansiosos…
Para sempre…
Na minha boca ainda a tua língua
Segura e quente… num pedido urgente…
Para sempre…
Na textura dos meus dedos
Os teus dedos suaves… irrequietos…
Para sempre…
Nos meus ouvidos o som da tua voz
Quente, envolvente a dizer palavras de amor…
Para sempre.
Nos meus negros e longos caracóis rebeldes
Ainda a urgência quase bruta dos teus dedos…
Para sempre.
O teu perfume aprisionado em cada poro
Da minha pele, agrilhoando-se a cada fino pêlo meu…
Para sempre…
Na minha branca epiderme estás tu
Intensa e profundamente tatuado…
Para sempre.
Para sempre.
Cláudia M.
*Poema que escrevi para fazer parte de um texto do meu blog "Coisas Minhas".
Olho, triste, pela janela e já é noite cerrada
A chuva cai na vidraça, atormentada
Fustiga as árvores semi-nuas do jardim
Está um frio cortante também dentro de mim
No peito um órgão que já não bate desenfreado
Nem se importa que esteja quase morto, gelado
Olho-o bem, com muito mais atenção
E percebo que ainda é Inverno no meu coração
Lá dentro de mim o céu está sempre cinzento
E a nuvens pintadas de um tom pardacento
Os rios engrossam com cada chuvada
E a alegria há muito que se perdeu na enxurrada
Grossas gotas pendem das folhas que sobram
Sonhos nelas diluídos hesitam um pouco e tombam
E ali entre a relva húmida os sonhos ficarão esquecidos
Destinados a nunca, nunca virem a ser cumpridos
Os pássaros já não chilreiam nem acasalam
Assim como as saudades já não me abalam
Afinal já nada é para ficar, já nada é eterno
Pássaros e pessoas abalam sempre no Inverno
Os cortantes ventos gélidos que vêm do norte
Trazem consigo tristes anúncios de morte
Morrem sentimentos a cada dia que passa
Mata-os, impiedoso, o vento que os envolve e abraça
E as lágrimas rolam e deixam-me o rosto molhado
Encosto-as à janela que desaparecem no vidro gelado
Tenho tanto frio e ainda é Inverno dentro de mim
Desespero sem saber se um dia este Inverno terá um fim…
Cláudia M.
De mãos enterradas nos bolsos enfrentei o frio
do mar. na cara, o vento cortante
a magoar-me. na cavidade do peito, o vazio
onde ouvi o eco de um nome e de um sentimento
vão. nas paredes nuas em ricochete
devagar. deixei-me tombar no chão em desalento
mudo. desisti de lutar por algo... patético
doloroso. quero dormir, muito, para sempre
fechar-me no meu pequeno mundo hermético
sozinha. sozinha. sozinha eu sei como viver
desde sempre. não quero que mais ninguém
me respire. não quero acordar e ver
que te foste embora sorrateiro, em surdina
não quero. não quero e nem sequer é pedir muito
acabou. que finalmente se baixe a cortina.
que nem sequer se abra para aplausos frenéticos
acabou. silêncio. apenas silêncio a ecoar no meu peito
nos nossos peitos, afinal desde sempre assimétricos...