Não te deixo ir embora assim facilmente
Não quero que partas para longe dos meus olhos
Mas se um dia tiver mesmo que ser
Deves deixar comigo um pedacinho de ti
Porque, na verdade,
Também levas contigo um pedacinho de mim…
O último abraço será mais demorado
Porque quero decorar a forma do teu abraço
E o último olhar também será mais demorado
Porque quero reter a forma do teu rosto
E deves dizer algo, não importa sequer o quê
Porque preciso gravar o som da tua voz…
Não quero que partas para longe dos meus olhos
Mas se um dia tiver mesmo que ser,
Não digas adeus
Diz antes que voltarás um dia
Para buscar o pedacinho de ti que deixaste em mim
Se for verdade, hei-de ser feliz depois
Se não for verdade não serei tão infeliz agora…
Não quero que partas…
cláudia moreira
imagem retirada da net
É a tua voz que me acaricia a pele em noites frias
Sinto-a, morna, no meu rosto a cada palavra tua
E nos meus lábios, é como se mos beijasse
Languidamente, sem nenhuma pressa nem pudor,
Depois, não tenho como negar
Que o abraço terno em que me envolve
Me deixa sem chão, perdida, dormente…
A tua voz um pouco rouca beija-me a nuca e desce
Desce numa carícia prolongada e feliz
Descobrindo caminhos estreitos no meu corpo
E avançando sem receio do que haverá por descobrir…
E eu, então, sorrio.
Depois, mesmo que cales a voz que me aquece por dentro
Fica o eco noite fora e eu, ainda sorrindo, fecho os olhos e adormeço…
Cláudia Moreira