Foi como se tivesse estado fechada numa masmorra
Foi como se nunca tivesse sentido o calor do sol
Nem o cheiro do mar
Nem a brisa do fim de tarde
Foi como se nunca tivesse sentido a força de um beijo
Nem a ternura de um abraço
Nem o amor inteiro num olhar
Foi como se nunca tivesse vivido
Depois,
Num dia de Abril, revoltada tirei as algemas
Cortei as grilhetas e explodi
Na violência do acto não ficou pedra sobre pedra
Pude então ver o mundo inteiro como nunca tinha o visto
Pude então senti-lo, absorve-lo, bebe-lo,
Um mundo inteiro só meu, inteiro só meu
As pessoas e as coisas e o sol e o mar
Estava livre finalmente livre para poder sentir
Sem paredes feitas de preconceito e ideias feitas
Sem falsos pudores, sem críticas destrutivas
Estava livre finalmente para poder VIVER