Abro-te quase a medo
Deixo-me levar pelo encanto
De descobrir os teus mistérios
Cheiro o teu cheiro a seiva e a natureza
E perco-me em ti
As tuas páginas brancas debruadas a negro
Assim abertas, generosas
Libertam ideias que mais ninguém sabia existirem
Letras unidas para nos fazer entender os seus segredos
Deixo-as então voar ao sabor de uma brisa do mar
Ide, sois livres, agora sois livres
Podeis voar, correr mundo
Mostrar-vos a todos que vos queiram abraçar
Beijar quem vos quiser amar
Ide, ide, agora sois livres e já não pertencem a ninguém…
Pela liberdade
Pela verdade
Pela seriedade
Pela serenidade
É por tudo isto que luto sem descanso
Com as armas erguidas e a voz gritante
É por ela que não me calo nem amanso
É uma busca sem tréguas, incessante
Liberdade, cálice sagrado da vida
Que todos buscamos intensamente
Andas por ai ligeiramente perdida
Mas nunca no coração de quem a sente
Eu sinto-a, e um dia completamente livre eu hei-de ser
Não tenho muitas armas para lutar
Mas tenho alma e sei escrever
E será sempre essa a arma que irei usar
Sei que sou apenas um grão de areia
Levado pelo vento num imenso deserto
Mas se houver um apenas que me leia
Então já valeu a pena por certo
Escreverei até ter feridas nos dedos
No papel gravarei um grito, um testemunho
Libertarei palavras, vitórias e medos
Um livro sempre, um livro sempre em punho