imagem retirada da net
O fim de tarde, mais uma vez pintado em tons de cinza
Recebe-me ventoso e frio. Sei que o sol está lá
Mas não o vejo, apenas o adivinho perdido entre as nuvens
As gaivotas amontoam-se na areia molhada pelas ondas
Que quebram na areia, coberta de pequenas conchas e búzios
Saltitam e soltam gritinhos estridentes e incessantes
É sinal de tormenta em alto mar…
Se no meu coração morassem gaivotas
Também estariam todas no areal
Porque dentro de mim existem mares de lágrimas
E soluços capazes de desencadear tsunamis
E no vazio do meu peito o ar corre, veloz
E destrói à sua passagem o que ainda resta de nós
E dos sonhos que sonhei algures no passado…
Aos poucos, com a passagem do tempo
A tormenta há-de acalmar e as águas hão-de serenar
E então, depois desse dia
Dentro de mim as gaivotas voltarão a cruzar os céus
E de asas abertas, irão planar em liberdade, sem pressa
O sol brilhará alto no céu e nos meus lábios
Desenhar-se-á, por fim, um sorriso cálido de Verão…
Cláudia Moreira
Nas manhãs submersas pela neblina, sou feliz
Ouço os meus passos, um depois do outro, cadenciados
Olho as paisagens que se descobrem aos poucos
As árvores acordam com os meus passos
Sinto o cheiro a terra húmida a impregnar o ar
Também o cheiro da resina perfuma a Terra
Percebo o silêncio a ser quebrado pelo chilrear dos pássaros
Ouço o som da água a cair por entre pedras e terra
Sinto a frescura da manhã azul na pele e na alma
Os meus passos levam-me para a frente, sempre para a frente
Depois o sol, tímido, a aparecer devagar lá ao alto
Sinto-o derramar a sua luz nas montanhas e nas pedras
E o seu calor em mim e em todos os homens da Terra
Caminho sem esforço mesmo carregando o peso da vida.
Sou feliz numa simbiose perfeita com a natureza pulsante
Sinto-me muito viva e o sangue corre-me nas veias, célere
Impossível travar o sorriso que se me desenha nos lábios
Dentro de mim um lago sereno de sentimentos apaziguados
Mais um passo e outro e outro e depois outro.
Tantos passos e não sei quando chegarei ao destino.
Mas que importa o tempo? Nada. Não importa nada.
No Caminho o tempo não existe, nem precisa.
Não há pressa de chegar.
Dentro de mim vive a certeza de que chegarei. E isso basta-me.
Enquanto isso, em cada passo, sou feliz por pertencer à Terra.
Sei que vais achar exagero,
mas a verdade mais transparente e mais pura
é que quando me sorris
o meu coração salta do meu peito
sobe pelo céu aberto numa corrida desenfreada
sem que eu o consiga deter,
entra na troposfera,
passa pela estratosfera
depois rapidamente pela mesosfera e termosfera
e por fim já no espaço, onde a gravidade nao o afecta
deixa-se cair, flutuando feliz por entre estrelas e planetas
percorre toda a Via Lactea
e só depois desta viagem que parece longa
mas que não demora nem um segundo
volta a entrar no meu peito
mesmo, mesmo a tempo
de eu conseguir esboçar o gesto especial com os lábios
para te devolver o sorriso...
Mendigo o teu sorriso claro…
Mendigo-o para que ilumine o meu dia.
Mas apenas a cor cinza cobre a vida à minha volta.
Depois peço encarecidamente o brilho dos teus olhos…
Para que fique preso nos meus.
Mas não o sinto, não o vejo.
Mendigo o calor das tuas mãos…
E estendo as minhas na tua direcção e espero…
Mas espero em vão.
Pergunto-te no meu coração se pensas em mim…
Mas apenas recebo um silêncio rotundo, desconfortável.
Depois, dentro de mim a certeza de que não me vês.
Sou transparente, talvez feita de vidro, talvez feita de ar.
Sou uma mendiga…
Sou uma mendiga de beira de estrada…
Igual a qualquer mendigo que pede esmola num passeio de rua.
Mendigo e estendo as mãos e escondo o olhar tímido.
Sou uma mendiga da tua atenção.
Mendigo um pouco de ti na beira da tua estrada.
E espero.
Em vão. Espero sempre em vão.
Cláudia M.
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No meu corpo estás tu
Dentro de mim, fora de mim, em mim…
Para sempre…
Nos meus lábios o gosto adocicado
Dos teus lábios carinhosos… ansiosos…
Para sempre…
Na minha boca ainda a tua língua
Segura e quente… num pedido urgente…
Para sempre…
Na textura dos meus dedos
Os teus dedos suaves… irrequietos…
Para sempre…
Nos meus ouvidos o som da tua voz
Quente, envolvente a dizer palavras de amor…
Para sempre.
Nos meus negros e longos caracóis rebeldes
Ainda a urgência quase bruta dos teus dedos…
Para sempre.
O teu perfume aprisionado em cada poro
Da minha pele, agrilhoando-se a cada fino pêlo meu…
Para sempre…
Na minha branca epiderme estás tu
Intensa e profundamente tatuado…
Para sempre.
Para sempre.
Cláudia M.
*Poema que escrevi para fazer parte de um texto do meu blog "Coisas Minhas".
De mãos enterradas nos bolsos enfrentei o frio
do mar. na cara, o vento cortante
a magoar-me. na cavidade do peito, o vazio
onde ouvi o eco de um nome e de um sentimento
vão. nas paredes nuas em ricochete
devagar. deixei-me tombar no chão em desalento
mudo. desisti de lutar por algo... patético
doloroso. quero dormir, muito, para sempre
fechar-me no meu pequeno mundo hermético
sozinha. sozinha. sozinha eu sei como viver
desde sempre. não quero que mais ninguém
me respire. não quero acordar e ver
que te foste embora sorrateiro, em surdina
não quero. não quero e nem sequer é pedir muito
acabou. que finalmente se baixe a cortina.
que nem sequer se abra para aplausos frenéticos
acabou. silêncio. apenas silêncio a ecoar no meu peito
nos nossos peitos, afinal desde sempre assimétricos...
manhã de 5 de Outubro de 2010
Passos, os meus passos
Um pássaro bem-disposto, madrugador
Um restolhar suave das folhas verdes molhadas pela chuva nocturna
Um ramo a partir debaixo do peso do meu corpo
Uma gota de orvalho que se desprende da folha caindo em voo picado até ao chão
O meu coração, batidas irregulares do esforço
O sol ainda fresco que penetra na ramagens intensas
O cheiro da terra molhada, seiva, erva fresca
A solidão que não é solidão
O silêncio que não é silêncio
Eu
A manhã imaculada
Um passo atrás do outro
Sorrisos
Pensamentos
Eu
A natureza que se mostra, se abre aos meus olhos antes cegos
Um passo atrás do outro
A respiração
Tenho um corpo
A natureza
Tenho um corpo dentro da natureza
Um passo atrás do outro
Abro um sorriso novo acabado de inventar
E penso, feliz, na suavidade das manhãs.
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Estás tão perto de mim
Tão próximo o teu rosto do meu
Apenas uns escassos centimrtros
E os meus lábios pousariam nos teus
No entanto
Um gigantesco mar feito de diferenças
Nos separa
A maior, o amor
Que te dedico
E que não vês
Como podes tu não ver um amor tão grande assim?
Que se ergue agigantado no meu olhar
Que se mostra inteiro, nu, no meu sorriso
Que leva tanta ternura em cada letra de um olá apenas murmurado…
Estás tão perto de mim mas tão longe
Como se um imenso mar nos separasse
No entanto
Se eu estender a mão posso sentir o teu rosto
Imensamente belo nos meus dedos ansiosos.
Gosto de ti. Sim, gosto de ti e isso dói.
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Tudo estava quieto, sossegado
Dentro do meu peito, apagado
Depois...não sei...
Algo passou
E me incendiou…
Tu...tu…
Talvez...não sei...
Sei que de repente
Tudo está diferente
Amor... será?
Não sei...não sei...
E nem quero saber
Quero apenas viver
Este momento preciso
Que chegou sem aviso…
Amor…será?
Não sei… não sei…
Mas penso que não
É apenas uma pequena paixão…
Amor…será?
Não…não…
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Chegaste um dia prazenteiro, feliz
Um ramo na mão de rosas cheirosas
Trazias um ar alegre de homem petiz
Na boca trazias promessas deliciosas
Deste-me um beijo quente, ardente
Arrebataste meu desejo, num beijo
Fiquei frágil, pequena, demente
De mais e mais beijos ficou o ensejo
Viste de mansinho então, e tua mão
Na minha ansiosa vieste pousar
Eu nao sabia então que meu coração
Tanto se iria um dia enganar
Nao podia e nao queria imaginar
Que por vezes a promessa é quebrada
Promessa que se formou sem pensar
Na boca de uma pessoa apaixonada
Chegaste e mudaste a minha vida
Fizeste dela o que bem entendeste
Umas vezes tão bela tão colorida
Outras houve que a entristeceste
E agora já cá não estás comigo
Já não sei há quanto tempo partiste
Já deixei de chorar a sonhar contigo
Apenas a saudade me deixa triste